sábado, 31 de maio de 2014

Chocos com tinta

31 de Maio

Este foi um dos pratos mais fáceis de confecionar de sempre!
Bastou ir ao mercado, encontrar chocos frescos e trazer para casa.
Acender o lume (tarefa da Anabela), lavar os chocos e esfregar com uma pitada de sal cada um deles; quando o lume estiver bom, colocar na grelha (também tarefa da Anabela). Lavar muito bem umas batatas bonitas, não muito grandes, e colocar no tacho a cozer por 20 minutos com a pele e uma pitada de sal. Enquanto isto, lavar uma folhas de alface e ripá-las para dentro de uma tigela, cortar meia cebola e misturar, depois umas gotas de sumo de limão e azeite, sal e pimenta, misturar com dois garfos e já está.
Numa molheira, deitar manteiga derretida, sumo de um limão e salsa não muito picada e mexer tudo.

Para servir, cortar as batatas ao meio e colocar o choco inteiro no prato, depois, regar ambos com o molho de manteiga. Nós cá não gostamos da salada no prato, para não aquecer e tiramos directamente da tigela.
Dar início às hostilidades!

Bonito!

... a meio:

Parece que aconteceu aqui qualquer coisa terrível...


É ver os pratos e bocas, pretos de deliciosa tinta de choco. Este é um prato que dificilmente se come fora de casa, mas que quando por cá passa, é festa certa!

O prato do Zé ficou assim

se repararem bem, está ali uma árvore ao lado da janela.


Para acompanhar os chocos, os pais beberam um Borba branco muito bom, o Zé uma Água das Pedras e o João uma Guiness.
Já estamos todos à espera do próximo. Que venha ele!

sábado, 24 de maio de 2014

Moqueca de camarão e peixe

24 de Maio

Já não se fazia uma moqueca cá em casa há bastante tempo e como a semana passada não houve jantar, tivemos que caprichar no de hoje. Acompanhámos com arroz branco, quase sem sal.

Aqui vai a lista de compras
Moqueca:
- Duas boas postas de Perca do Nilo fresca
- Cerca de 1 kg de camarão (não precisa de ser muito grande porque a maior parte é para cortar aos pedaços)
- Uma lata de leite coco
- Óleo de Palma (também conhecido por óleo de dendê)
- Um pimento (eu usei metade de um verde e outra metade de um vermelho - os olhos também comem)
- Duas cebolas
- Alho
- Limão

Caldo:
- Cabeças e cascas do camarão
- Peles e espinhas do peixe
- Uma cenoura
- Duas folhas de couve
- Ervas (Salsa, Coentros e Salva e Hortelã)
- Dois dentes de alho
- Meia cebola

Começámos por descascar os camarões, reservando as cascas e cabeças - deixámos dois com a cabeça para cada um de nós, para decoração.
Arranjámos o peixe retirando e reservando todas as espinhas e peles, cortámos os camarões em dois ou três pedaços e o peixe em cubos de aproximadamente 2 cm de lado.
O peixe e os camarões arranjados, foram marinar com sumo de limão, um fio de azeite, sal e pimenta enquanto preparávamos o resto das coisas, isto é, mais ou menos meia-hora.
Depois passámos para o caldo, este passo não é obrigatório, mas para que cada jantar fique inesquecível, não se pode deixar nada ao acaso e um caldo de peixe feito em casa é imbatível, além de ser fácil de executar.
Aos "restos" do peixe e do camarão, juntam-se os legumes cortados em bocados pequenos num tacho, adiciona-se um litro de água (eu fervi-a primeiro na cafeteira eléctrica), tapa-se o tacho e deixa-se cozer bem, mexe-se de vez em quando e se for caso disso adiciona-se mais água, o objectivo é fabricar uma boa quantidade de caldo e que a cozedura consiga tirar dos ingredientes a maior quantidade possível de sabor - NUNCA temperar o caldo, nem sal nem nada, só queremos os sabores naturais. Quando ficar pronto, usar o "chinês" para filtrar o caldo.
Coador chinês

Com o caldo ao lume, começámos a preparar o resto das coisinhas da moqueca.
Cortar e arranjar os pimentos em tiras finas de meio centímetro, uma metade de cada cor. Arranjar duas cebolas em rodelas e laminar cinco dentes de alho.
O óleo de palma é bastante espesso e difícil de manusear para quem não está habituado. Logo para começar a lata não tem abertura fácil, depois, como só vamos usar duas ou três colheres de sopa, vai sobrar imenso - eu guardei o resto num frasco de boca larga para usar mais tarde.
Colocámos no tacho as tais três colheres de sopa de óleo de palma e, em lume brando deixámos o óleo derreter um pouco, depois juntámos a cebola e o alho, deixámos alourar para de seguida receber as tiras de pimento (reservámos algumas para entrar mais tarde como decoração). Este refogado levou uma colherzinha de piri-piri, sal e pimenta; não o deixámos "puxar" muito, e metemos delicadamente o peixe e os camarões que estavam a marinar, com o cuidado extra de não adicionar mais água à mistura, isto é, em vez de despejarmos a tigela com a marinada e o peixe, retirámos os bocados um a um e reservámos o líquido. Mexemos com gentileza o peixe e o refogado e deixámos os sabores a namorar em lume médio, com a tampa fechada. A minha costela portuguesa mandou-me meter meio copo de vinho branco na moqueca e eu assim fiz, quando o álcool se evaporou, voltámos à receita original e adicionámos três chávenas do caldo de peixe que tínhamos feito anteriormente e despejámos cerca de 200 ml do leite de coco, mexendo sempre com muito jeitinho para não desfazer o peixe. Depois de voltar a levantar fervura, colocámos os camarões e as tiras de pimento que tínhamos reservado e deixámos ferver três minutos, apagámos o lume e juntámos salsa e coentros grosseiramente cortados à nossa moqueca.

Para a apresentação usámos a forma redonda para o arroz e colocámos a parte vegetal da moqueca em cima, depois o peixe e camarões.
Moqueca de camarão e peixe
Mais uma vez, este foi um jantar de sábado bem sucedido. Todos gostaram muito e só o Zé é que não repetiu. Para a semana há mais.

sábado, 17 de maio de 2014

Não houve jantar de sábado

17 de Maio

O pai e mãe fizeram anos de casados e como sempre, foram festejar só os dois.
O João e o Zé tiveram o jantar deles com amigos.

sábado, 10 de maio de 2014

Espetadas mistas

10 de Maio

A ideia foi do João e foi uma estreia, nunca tínhamos feito espetadas para o jantar de sábado, como seria de esperar, toda a gente aprovou à primeira.

Os ingredientes para as espetadas, foram:
cubos de lombo de porco
cubos de carne de vaca, pedi para espetadas e o meu habitual fornecedor sugeriu a carne que fica entre os ossos das costelas - uma maravilha!
chouriço de carne
chouriço de sangue
bacon
camarões
pimento verde
pimento vermelho
cebola

Preparei duas vinhas d'alho uma para a carne de vaca e outra para a de porco.
Foram basicamente iguais, para a carne de vaca usei vinho tinto e para a de porco vinho branco.
Para cada uma, usei duas boas colheres de massa de pimentão, três dentes de alho, piri-piri a gosto, três folhas de louro, uma boa pitada de pimenta e só um bocadinho de sal (a massa de pimentão já tem bastante). Primeiro juntar os líquidos e só depois os sólidos, envolver bem todos os bocados de carne e deixar macerar umas boas horas - de vez em quando ir lá mexer para que a distribuição fique homogénea.

Eu arranjei uns paus de loureiro para fazer as espetadas, mas nuns espetos de ferro também ficam boas e fiz assim:
- chouriço de carne, três cm de comprimento para poder apertar todos os bocadinhos
- quadrado de pimento verde
- fatia de um cm de bacon
- carne de vaca
- camarão descascado
- quadrado de cebola
- pimento vermelho
- carne de porco
- carne de vaca
- camarão descascado
- chouriço de sangue, três cm de comprimento

Coloquei as espetadas num tabuleiro e temperei com um fiozinho de azeite e uma pitada de sal.
Depoi,s a Anabela tomou conta da coisa, fez o lume e assou as espetadas no carvão.
Assar as espetadas...

Acompanhámos com arroz malandrinho de feijoca. Para ficar malandrinho é só colocar mais água do que o normal - atenção ao feijão porque se for de lata já está cozido e só se mistura no arroz quando este está quase pronto. Meti-lhe uma colher de sopa de tomate e uma de massa de pimentão ao início e ganhou uma cor e um sabor maravilhosos.
bonito...
E pronto, este já foi. Vamos ver se o João tem outra boa ideia para dia 24, porque dia 17 não há jantar de sábado - o pai e mãe vão comemorar os 28 aninhos de casados!


sábado, 3 de maio de 2014

Tapas e Petiscos

3 de Maio

De quando em vez, há petiscos para o jantar de sábado e nunca falha. Normalmente fazemos uma lista com algumas ideias, depois enquanto estamos no mercado, o resto aparece naturalmente. Neste sábado tínhamos previsto comprar duas ou três coisitas, mas assim que lá chegámos as ideias começaram a saltar e acabámos por trazer febras de porco, chouriço, farinheira, tripas, salsichas frescas, codornizes, caracóis, ovas frescas, ameijoas, polvo e queijos secos.
A caminho de casa comprámos o pão do sábado, e quando chegámos, verificámos rapidamente que era comida demais - impunha-se uma triagem e a lista final para o jantar ficou assim:

Tripas e salsichas na brasa
Codornizes ao Vinho do Porto
Caracóis guisados
Ovas cozidas, temperadas com azeite aromatizado
Ameijoas (quase) à Bulhão Pato
Queijos Secos caseiros de cabra e ovelha

A preparação disto tudo, não sendo difícil, é um bocado exaustiva mas terá que ficar registada, portanto aqui vai.

As tripas:
Ou se ama ou se odeia, parece-me que não há meios-termos com as tripas, cá em casa a Anabela odeia, o resto da malta ama. Lavam-se com água e sal até ficarmos cansados, e depois lavam-se mais um bocadinho. Colocam-se dentro de uma tigela deita-se vinagre até quase cobrir e vai-se mexendo para que o vinagre se espalhe pelas tripas, eu deixei assim das onze da manhã até às duas da tarde. Depois, lavei-as outra vez e fiz a vinha de alhos com um copo de vinho branco, sumo de um limão, três ou quatro dentes de alho picado, uma colher de sopa de massa de pimentão, uma de sobremesa de massa de piri-piri, sal e pimenta, mexe-se tudo para espalhar e deixa-se a descansar, tapando o recipiente. De vez em quando, vai-se lá dar uma volta aos ingredientes, até à hora de assar.
O lume ficou a cargo do Zé. Eu acendi-o, e a partir daí foi ele quem tomou conta. Assou as tripas, regulou a intensidade do carvão, foi virando até elas ficarem com aquela corzinha tostada, uma festa!
O Zé sabe que, uma vez que as tripas estão em liquido, não podem ir para o carvão sem serem escorridas, senão vão apagar o lume e desempenhou a tarefa exemplarmente usando uma pinça longa, para evitar desastres.
A pinça para assar no carvão
Quando prontas, cortei em bocadinhos de 2 cm, temperei com azeite, um pouco de alho picado, mangericão e hortelã, mexi tudo e ficou à espera de ir para a mesa.

As salsichas frescas:
Tirando a parte das lavagens obsessivas, o resto do processo é exatamente igual ao das tripas.
Deixar em vinha de alho, assar na brasa, escorrendo cada salsicha. Cortar aos bocadinhos, temperar com azeite e salsa.

Codornizes:
Quando comprei, mandei abri-las ao meio, para poder fritar melhor e quando chegámos a casa coloquei-as logo num recipiente, em vinha de alho, a macerar até perto das cinco da tarde.
Fiz assim: Colocar na frigideira uma boa quantidade de margarina e banha de porco, deixar derreter um bocado e começar a fritar três dentes de alho, cortados em lâminas juntamente com uma dose de piri-piri ajustada aos paladares lá de casa, na nossa é sempre muito. Colocar as codornizes na frigideira e deixar fritar um pouco de cada lado, até ficarem com uma cor acastanhada, quando nos parecerem boas, espalhar um cálice de vinho do porto por cima e se conseguirem flamejar, façam-no - é sempre um espectáculo na cozinha!
Quando todo o álcool tiver sido consumido, deitar a vinha de alhos na frigideira, mexendo de vez em quando e voltando as codornizes para que cozinhem por igual.

Caracóis:
Lavar, lavar, lavar em água corrente e depois lavar outra vez.
Deixar de molho em água, com bastante sal uns vinte ou trinta minutos e depois, lavar.
Num tacho começar um refogado com bastante cebola, alho, massa de pimentão, pimentos às tirinhas (eu usei vermelho e verde), louro, sal e pimenta, uma colher de sopa de oregãos secos e o sempre omnipresente piri-piri; quando estiver bem puxadinho, colocar os caracóis e tapar de água limpa mexendo para homogeneizar, deixar cozer por uma hora. Aos trinta minutos, provar e corrigir os temperos se necessário.

Ovas cozidas, com azeite aromatizado:
Água, sal, dois dentes de alho esmagados, ovas.
Cinco minutos a ferver (as ovas eram pequenas) e já está. Para ovas maiores, ou outros gostos, deixar mais tempo. Há quem as coma quase cruas por dentro, outros gostam delas bem cozidas, realmente tem muito a ver com a sensibilidade de cada um, mas como regra geral, não devem sofrer muito calor, muito tempo. O azeite aromatizado foi feito numa panela pequena com a quantidade de azeite que pretendemos produzir, eu fiz para 150ml de azeite, dois dentes de alho esmagados e uma colher de sopa de colorau, primeiro os alhos e depois o colorau. Agora os truques - o azeite não pode ferver!, usei sempre o lume baixo e controlei a bolhas, quando os alhos deram mostras de estar a começar a cozer, deitei o colorau, mexendo mas controlando sempre a temperatura. O último truque é filtrar o azeite para dentro do recipiente final, o ideal será usar um filtro de papel ou de pano.
Filtro de pano
Este azeite aromatizado é óptimo para temperar peixe ou saladas, e podemos ter sempre à mão uma garrafinha com ele. Para as nossas ovas, piquei meia cebola e salsa, muito finamente e misturei nas ovas previamente regadas com o azeite. Como já tinha dito, as ovas frescas eram pequenas. cerca de 5 cm de comprimento e deixei-as inteiras em vez de cortar às rodelas como é tradição - ficaram realmente muito boas.

Ameijoas:
Não consegui arranjar ameijoas frescas (um dos problemas de viver a 80km do mar), portanto comprei ameijoas vietenamitas congeladas - que não eram boas nem más, era o que havia!
Esta receita é da Anabela que faz umas ameijoas deliciosas e difíceis de bater eu adaptei a receita dela da seguinte forma:
Numa frigideira, coloquei cerca de 150g de margarina, uma cebola média picada e umas gotas de piri-piri, neste prato não usei sal! Enquanto a cebola cozia/fritava,  escorri as ameijoas, entretanto descongeladas dentro de um recipiente, e reservei a água que deitaram. Coloquei as ameijoas, mexi cuidadosamente por 30 segundos e depois deitei a água da descongelação, tapando a frigideira, Um minuto depois de voltar a ferver, apaguei o lume. Antes de servir, misturei uma boa dose de salsa picada.

Serviço:
Colocámos todos os acepipes na mesa, excepto as codornizes e as ameijoas que foram servidos quentes e os primeiros a marchar. Acompanhámos com pão caseiro e a bebida do dia foi cerveja (água para o Zé).

Vamos já começar a pensar no próximo...
...que este já foi!